em 18/08/12 morreu um cara feliz.
o nome dele era afonso. afonso era um
cara bem sucedido. tinha uma mercedes benz nova (antes tinha uma ano 96, mas
foi promovido e logo tratou de financiar uma nova, mais condizente com o cargo
que agora ocupava). além disso, morava em um bom local. o bairro era bem
localizado (longe do trabalho – no centro – mas o preço do metro quadrado era
alto), o prédio era bonito e bem equipado – fitness, espaço
gourmet, portaria 24 horas (com direito a apresentação de identidade para
todo não-morador que quiser entrar) e uma linda fachada. apesar do apartamento
não ser muito grande, um bom arquiteto resolveu tudo com móveis embutidos. era
casado com uma mulher bem nova, augusta. como havia mencionado, afonso tinha
recém sido promovido no seu trabalho; era, agora, um vice-presidente
administrativo. sua função era aumentar lucros, afinal era pra isso que uma
empresa era administrada. não que amava fazer o que fazia, desde a faculdade
sempre foi muito desanimado com tudo, parecia tudo muito falso, mas aquilo dava
dinheiro, estabilidade e sanidade a afonso.
a estrutura da vida de afonso, todavia,
era abalada na questão familiar. e para entender isso, necessário voltar no
tempo. teve um casamento tranquilo, de 17 anos, com elisabete, com quem teve um
filho. separou-se com muita briga de elisabete e acabou se casando com uma
secretária da empresa em que trabalhava, a já referida augusta (ainda era
apenas diretor de um setor da empresa quando isto ocorreu).
mas falemos, antes, de elisabete e como
se deu o fim do casamento. elisabete era uma ex-colega de colegial com quem
afonso se casou sem que até hoje o próprio encontrasse algum motivo. havia se
dado assim: afonso era um guri mais na dele e muito estudioso, não bebia, não
ia em festas. pelas regras sociais de qualquer escola, era um derrotado, não
tendo, portanto, sucesso com as mulheres. elisabete, contudo, se aproximou do
menino semi-gordo e estudioso; era uma menina dedicada e muito religiosa, o que
fez com que as atitudes mais comedidas de afonso gerassem algum tipo de atração.
foi muito difícil para elisabete fazer com que aqueles lanches no recreio (com
repetidos goles no refrigerante de afonso) fossem percebidos com outros olhos
pelo ingênuo afonso, visto que sua moralidade a impedia de tomar medidas mais
concretas. afonso foi alertado, em um dia invernal e chuvoso, por um de seus
únicos amigos, roberto. já era o último ano da escola e afonso tomou coragem de
perguntar a elisabete se ela gostava dele; ela respondeu com um simples toque
de mãos; nem mesmo a irmã zenira (era um colégio católico), sempre atenta às
desvirtudes juvenis, teria notado tão simbólico ato.
afonso e elisabete seguiram na
faculdade e (ela de pedagogia, ele de administração). após se formarem, se
casaram. não foi algo que contou com uma grande proatividade de afonso; na
realidade, eles precisaram se casar, visto que elisabete estava grávida e sua
fé em deus não poderia ser abalada por um casamento cuja noiva não era virgem.
foi tudo muito às pressas e, de repente, afonso se deu conta que daquele ato
simbólico sua vida estava selada: casamento consumado e filho encomendado. as
coisas andaram bem até o filho completar sete anos. não que essa idade fizesse
tudo insuportável, mas o fato é que o menino já não ocupava tanto a vida do
casal e, quando se deram conta, os jantares em restaurantes caros eram
realizados em constrangedores silêncios. afonso e elisabete, que costumavam
falar muito durante os lanches do recreio, não conseguiam trocar uma palavra
enquanto degustavam um filé ao molho de aspargos com um vinho de rótulo caro.
enquanto isso, no trabalho, a sua
seriedade e dedicação eram recompensados com cargos cada vez mais altos e bem
remunerados. afonso dedicava metade do seu dia aos negócios – almoçava
reuniões, antes de dormir respondia emails de diretores. era o funcionário mais
produtivo. nos encontros de turma, era sempre um exemplo daquele que estourou
na vida. não amava isso tudo, mas algo o compelia a seguir, não sabia sequer se
era para dar boas condições de consumo para sua família. apenas seguia fazendo,
mecanicamente, seu trabalho que, por algum motivo, dava bons resultados.
por tão dedicado ao trabalho e por tão
distante, afonso já não mantinha mais relações sexuais com sua esposa. a
semi-gordura do colégio já havia se transformado em obesidade e sua esposa não
se enquadrava nos padrões de beleza. assim, sem paixão, atração ou fôlego,
restava a afonso exercer sua sexualidade masturbando-se em curtos períodos de
tempo, durante o expediente, pensando em sua secretária, denise.
o filho, ricardo, havia herdado a
propensão à obesidade do pai e tinha problemas com peso. além disso, passava o
dia vidrado em algum tipo de eletrônico, seja o computador ou o video-game. o
contato de afonso com o filho se resumia a levá-lo para a escola. mantinha a
consciência tranquila com relação a essa situação pois pensava fazer o filho
mais feliz com todos os bens materiais que as duras horas de serviço podiam
comprar.
por muitos anos, afonso empurrou esta
situação sem questioná-la. não pensava, sequer, se era feliz. apenas vivia um
dia após o outro, esperando a morte bater no seu apartamento. contudo, quando foi promovido ao cargo de
diretor, afonso conheceu uma nova secretária: augusta. uma morena de 23 anos,
que poderia aparecer em qualquer capa de revista. tinha um sorriso encantador.
afonso manteve a rotina que tinha com denise por meses, se masturbando no
banheiro. mas augusta era diferente, ela parecia ligar para afonso. conversava
com ele. certa vez, quando tiveram que trabalhar até muito tarde, saíram pra
jantar. afonso e augusta conversaram e se divertiram muito. afonso sentia
alegria em viver aqueles momentos, o que só sentira, talvez, nos primeiros anos
com elisabete. afonso se deu conta, então, que a mão de augusta repousava
levemente na sua. um ato quase natural. ficou desconcertado. tentou recobrar a
consciência, mas a situação apenas piorava. decidiram ir embora. augusta,
contudo, era menina decidida, confiante. falou para o homem de 44 anos que mais
parecia uma criança tremendo:
- vamos para minha casa?
afonso seguiu as instruções. passaram
três horas na casa de augusta; afonso teve prazeres que há muito não tinha. seu
desempenho sexual não era dos melhores, mas o simples fato de um ato que
imaginava diariamente estar se concretizando deixava afonso em êxtase.
por 3 anos, afonso manteve um caso
extraconjugal com augusta. sustentava um casamento, que estava cada vez pior,
por acreditar que deveria manter sua família unida fosse pelo bem de ricardo,
fosse para proteger sua imagem na sociedade. passados os três anos, ricardo já
contava 13 anos, cada vez mais distante dos pais e maduro o suficiente para ver
algo que saltava aos olhos; a traição do pai. eram jantares semanais,
telefonemas escondidos, dezenas de e-mails. elisabete, no entanto, não podia
ver esta traição.
essa ignorância de elisabete não
decorria do fato de ela ser ingênua, ou algo do tipo. na verdade, elisabete
sempre fora mais atenta aos detalhes da vida carnal do que afonso. logo no
começo do casamento, inclusive, elisabete teve uma ardente noite com um padre
recém saído do seminário; só conseguiu se livrar de tamanha culpa após muitas
doações à paróquia e muito tempo de joelho. elisabete, em realidade, não
conseguia crer que afonso, aquele garoto meio palerma e hoje esse adulto
conformado e emburrado, pudesse ter coragem o suficiente para sair da zona de
conforto que era seu casamento, se aventurar em algo fora do círculo
pré-definido de sua vida pacata. elisabete tinha tanta fé nessa imagem que foi
incapaz de notar as mudanças de afonso, hoje muito mais descontraído.
ocorre que, quando ricardo comentou
como a tal da augusta enviava e-mails carinhosos ao pai, durante o sagrado
jantar em família (único momento em que a tv era emudecida), o alerta de uma
fêmea que quer proteger seu macho disparou. elisabete mal conseguiu servir a
sobremesa diária de afonso. este, por sua vez, tentava – a todo custo –
conversar, algo raro para qualquer almoço de família; estava assustado, com
medo: pela primeira vez, em três anos, poderia ser desmascarado. a desculpa que
dera foi a de que, por obvio ela era carinhosa, já que era sua secretária, mas
afonso não sabia mentir. o jantar só foi divertido para ricardo, que parecia
apreciar a tensão entre os pais.
elisabete, muito atordoada, foi lavar a
louça e, como em todo trabalho braçal, pôde pensar muito. dedicou-se a ver se
havia sentido os ciúmes na tal de augusta, com quem já havia conversado em
festas da empresa: “moça linda, 26 anos. obviamente, afonso sentiria
atração por ela, qualquer homem sentiria. mas a questão é: ela não sentiria
atração por ele, não fisicamente. mas talvez por toda a imagem que afonso
representava – gerente de um setor da companhia, carro importado (mesmo que
usado), apartamento de luxo – era algo a se considerar. havia também as
mensagens no e-mail, que ricardo não iria inventar”. chegou à conclusão que
deveria investigar melhor e, brilhantemente, pensou numa estratégia que daria
respostas na mesma noite – elisabete faria com que afonso confessasse se havia
traído ela.
após servir o terceiro prato de
sobremesa de afonso, elisabete foi para o banho, como fazia diariamente.
afonso, por sua vez, verificou seus e-mails do trabalho. estava nervoso e
serviu uma dose de um whisky que, de tão pouco apreciado na casa, mas parecia
um enfeite do que algo a ser bebido. acabou tomando três doses e se servindo
uma porção extra de pudim de doce de leite. meio cambaleante, afonso percorreu
o mau iluminado corredor do apartamento; sabia o que o esperava: uma mulher
dormindo com um romance barato apoiado no peito e a luz do abajur ligada.
ajeitaria a mulher, desligaria o abajur e deitaria. furtivamente, mandaria uma
mensagem de boa noite para augusta; repetia mecanicamente o ato há três anos, o
whisky não iria atrapalhar. quando entrou no quarto, uma surpresa. elisabete
não estava com romance algum, muito menos dormindo.
elisabete teve um banho mais demorado
do que o comum. cuidadosamente, depilou as pernas e a virilha, a ocasião
exigia. passou um creme que deixava sua pela mais suave e com algum cheiro
artificial supostamente criado para ser parecido com baunilha. era preciso
escolher uma camisola diferente da habitual, algo que chamasse a atenção e não
a sua velha camisola rasgada. escolheu uma que ganhou de amigo secreto do grupo
da igreja; era preta, tinha rendas e realçava os seios fartos. sentou e esperou
afonso na posição mais sensual que podia. enquanto isso, imaginava porque
diabos alguém daria aquela camisola em um evento de católicos – havia comprados
velas religiosas para seu amigo secreto. voltou a focar na porta; a qualquer
momento chegaria afonso.
afonso não acreditava na cena. encarava
a esposa deitada de uma maneira sensualmente agressiva. via naquela mulher algo
que há muito pensava que ela havia perdido, pura sexualidade. a primeira ideia
de afonso é que havia dormido no sofá e estava sonhando, o que não poderia ser
real, já que vivia repetindo que sofá era um lugar para sentar e não dormir.
era realidade, sua mulher tentava seduzi-lo, como há mais década não fazia.
tinha que ter relação com o infeliz comentário do filho. pensou em fugir. olhou
para o banheiro. tarde demais. elisabete chamou. caminhou até perto da cama,
ela se levanta e diz que afonso demorou para ir deitar. afonso sente o calor do
whisky e de uma excitação inesperada subirem pelo seu corpo. afonso a joga na
cama; o seu último ato minimamente racional; seguiu-se, então, uma explosão de
amor carnal que há muito estas paredes não viam. sempre muito detalhista,
elisabete havia tratado de virar os santos na cabeceira, para que não vissem
tamanha falta de moralidade.
enquanto afonso roncava alto e exalava
um cheiro forte de álcool, elisabete não conseguia dormir. chorava. havia visto
um afonso que não conhecia. seguro de seus atos, cheio de práticas novas –
pecaminosas. por mais que soubesse que afonso assistisse filmes de mulheres
nuas, não era possível que ele aprendesse tal desenvoltura. tinha certeza, seu
casamento não era mais puro. sentia-se suja. sentia sua cama suja. a casa toda.
não se moveu por toda a noite. sentia ódio de afonso. nojo de como ele havia
destruído sua família, de como ele não havia respeitado a ela.
o café da manhã foi silencioso. nada de
anormal, pois quase sempre era assim. o que chamava a atenção, contudo, era a
apatia de elisabete. não conseguia se animar a fazer uma torrada para o filho.
entregou um ovo cozido para cada um com um café queimado. resmungou de dores
nas costas, quando interpelada por afonso. este disse que ela deveria ir ao
médico e disse que iria ficar até às 11 da noite, como de costume, para suas
reuniões organizacionais semanais.
elisabete agora sabia – ia encontrar a
amante. falou que ia marcar o médico e foi dormir no quarto. tentou pegar no
sono, mas só pensava no que faria a partir de agora. deixaria assim? afinal,
correria muitos riscos; perderia a estabilidade do casamento, seria uma mulher
desquitada – o que iriam dizer na igreja? mas como iria conviver com tanta
vergonha? conseguiria falar com afonso alguma vez mais? não. precisava fazer
algo.
ligou para sua mãe e disse que iria no
médico e depois ao ensaio do coral da igreja: teria que cuidar de ricardo.
aprontou-se e pegou um taxi – tinha medo de dirigir – em direção ao trabalho de
afonso. lá ficou até às 8:20 da noite, falando com o taxista sobre o fato de
ser traída; este só piorou a situação, dizendo como isto era inadmissível.
afonso saiu em seu carro, mas não se podia notar se havia alguém dentro do
carro, ou não, os vidros eram muito escuros.
dentro do restaurante, afonso se
acomodou na mesa habitual. pediu um prato rotineiro. augusta chegou sorridente.
se beijaram. neste momento, elisabete, como se tivesse montada em um porco,
gritou ensandecida. o descompasso foi tamanho que afonso passou mal. acordou
num hospital, cheio de vergonhas e desquitado de elisabete.
não demorou para afonso casar com
augusta. naõ demorou para os diretores da companhia acharem afonso um cara mais
competente, ainda que sexualmente falando. foi promovido. ocorre que, contudo,
afonso teve uma vida mudada totalmente. enquanto elisabete dava comida, mas não
prestigiava os desejos libidinosos de alfredo, augusta estava presente neste
quesito mas não completava os desejos, igualmente importantes, alimentares de
alfredo. na verdade, o proibia de comer mais de 2345 caloria diárias. o bife
deveria ser do tamanho do punho. os doces semanais. afonso havia saído da
frigideira e pulado no fogo.
para fugir disso, descobriu uma loja de
chocolates no caminho do trabalho. lá havia a melhor trufa de maracujá do
mundo. comia sempre. a trufa do seu zico. único problema era o local. ficava no
treme-treme. prédio conhecido por abrigar diversas pessoas que ganhavam a vida
explodindo bolhas de sentimentos sexuais reprimidos. desde trasvestis a meninos
de família cristã tradicional trabalhavam lá. havia a nandinha. travesti que deixava
afonso perturbado, pois mexia com seus instintos, seus desejos. mas não podia,
não devia. era um travesti.
elisabete incomodava. ricardo chorava.
augusta proibia. chefes e subordinados olhavam afonso com olhos de burocracia.
tudo girava e ele não sentia mais vontade de ser feliz. a não ser quando comia
uma trufa de maracujá e via nandinha passar com sua saia vermelha.
um dia, afonso disse para augusta que
não queria mais sua dieta e saiu de casa. augusta já namorava um guri de 20
anos da academia. afonso subiu no apartamento de nandinha. falou que queria um
bife e sexo doentio. nandinha sorriu e fez como ele queria. afonso foi feliz.
fez isso por 4 meses até que todos soubesse e o julgassem. cozinhava e fodia
bem nandinha, nada mais era preciso. só que afonso sempre será afonso. sempre
pensará no resto.
afonso andava pelo centro. ia para o
treme-treme. estava atordoado com a ideia de que todos sabiam de sua nova
condição. comprou um trufa de maracujá e uma de morango; seu zico fez piada que
afonso estava exagerando, este sequer olhou. entrou no elevador com o cheiro de
mofo, cigarro e sexu já habituais; estar naquele lugar acalmou um pouco afonso.
engoliu a trufa de morango de uma vez só, apertou o último andar. subiu no
terraço do prédio, onde podia ver toda a cidade. a torre da igreja, o antigo
trabalho, a vida que levava seguia na frente de seus olhos, com ou sem ele.
essa vida não pertencia mais a afonso.
estava feliz agora, livre de tudo aquilo. mas algo o incomodava – aqueles que
vivam sua antiga vida não conseguiam dizer que estava feliz, ao contrário,
diziam que afonso era um perdedor. afonso havia se acostumado a viver sem
felicidade, sua força motriz era outra. aquilo que fazia afonso seguir sua vida
em frente não era a felicidade, mas o fato de ser considerado um vencedor pelos
outros. uma família estruturada, era bem sucedido no emprego, depois da
família, mulher que todos desejavam,
carro do ano, viagem pra outro continente. isso nunca tinha feito dele um cara
feliz, mas fazia dele um ganhador na vida. era isso que mantinha afonso de pé.
agora, ele havia perdido seu apoio, sua bengala. era feliz, mas isso não
importava porque os outros o consideravam louco, perdedor.
desse modo, afonso havia perdido sua
força motriz, o sentido de sua vida. seria impossível recuperar, nenhuma
empresa contrataria um homem casado com um travesti cozinheiro. estava tudo
perdido.
afonso comeu a trufa de maracujá. tirou
os sapatos e os óculos. chegou à ponta do terraço, olhou para a cidade, sua
antiga vida. olhou para o prédio, sua vida nova. estavam juntos e separados ao
mesmo tempo. afonso deu um passo para frente e caiu. se sua queda passasse em
câmera lenta, se veriam nas janelas luzes vermelhas, pessoas fazendo sexo,
consumindo drogas. mas tudo foi rápido e simples, como a vida que se ia. afonso
bateu no chão como um saco de areia, fez um grande barulho. todo o prédio
desceu, curiosos da rua olhavam pra ele. as duas vidas de afonso o encaravam no
chão, espantados. seu corpo já estava destruído, seu espírito havia se
constituído pelo primeiro ato sincero de afonso.
morreu em 18/08\/2012, um cara feliz,
mas que não sabia lidar com isso. precisava que os outros dissessem isso pra
ele.
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