sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

cansaço


em cima da mesa de vidro, bitucas e cinzas de cigarro. uma ou outra ponta perdida há muito. na cozinha, a louça acumulada. as garrafas estavam jogadas em cantos aleatórios da casa. o apartamento dela, sempre impecável, parecia uma residência estudantil pós-festa. não era por preguiça, mas por um completo desapego às rotinas mundanas. o único som que se ouvia era o do chiado da vitrola rodando, o disco preferido havia acabado. vez ou outra, se ouvia um choro contido. nada parecia real, o tempo não andava e o resto pouco importava. ora, não entendia, sequer, why the sun goes on shining, afinal, ele havia dito good bye. não foi bem assim... na verdade, ele só não correu atrás dela. ela jurou que ele correria. ele até quis, fez menção, mas suas pernas não responderam ao comando do coração, seguiam leais ao cérebro.  ainda estava molhada da chuva que caia no verão desgastante. o fim era esperado para eles, mas surpreendente para quem os via. eram felizes juntos, mas diferentes demais para seguir.
ainda se amavam, sabiam.
mas até o amor cansa. e ele precisava dormir. 

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