joão se levava muito a sério. não é que
fosse burro ou não defendesse ideais com procedência. a questão era que joão
acreditava piamente na sua imprescindível existência e na sua invariável razão.
a primeira ele externalizava na sua atitude em tudo que participava; parecia
crer que, caso se ele não estivesse ali, nada daquilo estaria funcionando.
tinha uma necessidade de manter tudo próximo de si. a segunda era que joão não
conseguia ser contrariado em discussões. defendia ideias bonitas de debate,
troca de ideias horizontalmente, desde que a conclusão fosse do modo que
defendia, caso contrário logo se emburrava. joão achava o restante das pessoas
burras e pouco esforçadas; cria que todos deveriam ter o mesmo nível de esforço
que ele – dedicava 12 horas de seu dia para estudos e revisão de seus afazeres.
ria de pessoas que não estudavam o mesmo que ele ou que erravam algo. estudar
academicamente, falar academicamente faziam parte de um plano de vida;
acreditava na academia como a religião suprema da humanidade. não que a defendesse
em sua estrutura, mas acreditava que as críticas que tinha para com a academia
eram culpa de pessoas que não
estavam a sua altura, muito embora tivesse poucos anos de estudo acadêmico.
um dia o apêndice de joão explodiu. ele
segurou ao máximo para ir ao hospital, pois sabia que não deveria ser nada
demais. mas era. seu intestino estava repleto de apêndice explodido. diante de
sua demora, ficou 3 meses hospitalizado, por causa de uma infecção interna.
quando saiu de volta ao mundo real,
joão percebeu que tudo permanecia do mesmo modo, mesmo que não tivesse o seu
dedo em nada daquilo. algumas coisas, na verdade, haviam ido para caminhos
muito frutíferos.
joão se emburrou. teve que criar outro
grupo, onde pudesse reinar. não pode conviver com a ideia de que aquilo tudo
podia girar sem ele. fez disso um moinho. destruiu tudo que podia. debandou-se
para outros lados, onde poderia ser levado mais a sério.
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