domingo, 14 de julho de 2013

A porta.

A porta tinha ficado aberta. Ela nunca ficava, mas eram dias de pavor. O vento que vinha de fora era frio e gelado, diferente do calor que emanava dos tijolos. Me levantei tremulo. Me vesti. O pior momento do dia, o de abandonar a segurança  O conforto. Me aproximo lentamente da porta, não podia ver o que havia do outro lado com nitidez, havia sombras. Ainda sim, eu sentia que deveria cruzar aquela porta, precisava. 
Quase em frente à porta me detive. Corri de volta à cama. De lá, a encarava. Sentia o vento que de lá saia. Era sedutor e tinha um cheiro de novo. Tentei uma vez mais. Ainda mais perto da porta, me detive; outra vez. Não corri, apesar da vontade. Tentei me concentrar.... Aulas de yoga. Auto-ajuda. Terapia... Não conseguía mover minhas pernas. Era como se meu cérebro não produzisse o comando. O vento aumentou. Me encostei na quente parede. Não podia, por algum motivo, me desapegar dali, não era tao simples. 
O tempo custou a passar, ou os cigarros estavam mais longos. Quando já estava quente o suficiente, pulei em direção à porta. Estava exatamente embaixo do marco. Mas não podia andar. 
A medida que meu terror com a situação aumentava, as paredes do meu quarto caiam atrás de mim. Tudo desabou, fora a porta e o mundo à minha frente. 
Sem refugio. Sem destino. Apenas eu e a porta. E um vento gelado. Com cheiro de novo. Eram tempos de pavor.

Nenhum comentário:

Postar um comentário